O jogo de tabuleiro Quissama, idealizado por Ricardo Spinelli, é baseado no livro de mesmo título do autor Maicon Tenfen. A trama tem como pano de fundo o Rio de Janeiro de 1868, demonstrando as complexidades de uma sociedade ainda escravocrata, as disputas entre maltas de capoeiras e o sofrimento do jovem Vitorino Quissama que junto a seu companheiro de aventuras, Daniel Woodruff, sai à procura da mãe desaparecida. A trama envolve personagens fictícias e históricas como o imperador Dom Pedro II, a princesa Isabel e o escritor José de Alencar. Para quem leu o livro, o jogo é uma maneira divertida de interagir com esse universo. Porém, a leitura não é pré-requisito para jogar. Como uma das pessoas que teve o privilégio de conhecer o projeto ainda em seu embrião, digo que o jogo é envolvente e contribui para o conhecimento da cultura nacional através de um suporte pouco explorado no Brasil. O material é excelente recurso pedagógico para refletir a respeito de questões históricas e possibilidades narrativas, mas também podemos encará-lo como possibilidade de criar momentos lúdicos e interativos. Além disso, sou testemunha de que o projeto teve amplo planejamento e muitos testes para garantir a qualidade do jogo. Com certeza, esta é uma ótima opção para presentear a si mesmo ou a pessoas queridas.

Texto escrito pela jogadora Elaine Hoffmann

QUISSAMA – PARTE DOIS

Oi, Quissameiros!

Há 9 dias lançamos a campanha do jogo Quissama e, no momento, estamos com 49% da meta atingida! Vamos em frente. Continuando nossa conversa sobre as origens do jogo, vamos para…

QUISSAMA – PARTE DOIS (uma trilogia de quantidade indefinida)

O jogo estava pronto. E era bom. Mas e agora? Como fazer para produzir Quissama em uma escala suficiente para atingir diversas pessoas, nossas conhecidas ou não? Maicon e eu trocamos algumas ideias e ingenuamente pensamos: bom, vamos a uma gráfica, mandamos fazer uma quantidade pequena e vendemos para nossos amigos. Pensamos em 100 caixas.

Munidos de alguns jogos importados que tenho, para mostrar o tipo de material desejado, rumamos em direção à gráfica. Chutamos alguns valores e pensamos: cada um de nós banca uma parte e depois vendemos a preço de custo. Mostramos o material na gráfica escolhida. Minhas singelas cartinhas em preto e branco, pra terem uma ideia do que se tratava, bem como o material importado, pra mostrar como eu queria que meu material ficasse. Vários detalhes foram especificados e uma promessa de orçamento foi feita.

Antes e depois das cartas

Outro passo era pensar sobre a arte. Inúmeras imagens eram necessárias: cartas em diversos tipos, personagens, tabuleiro, embalagem… cada imagem exigia um trabalho específico e tudo isso se multiplicava.

Resultado: quando recebemos os orçamentos, nosso jogo tinha chegado a um preço inviável para dois professores que queriam fazer o livro de um virar o jogo do outro. Entendemos, decepcionados, a realidade de lançar um produto no Brasil. Aliás, talvez aqui o problema não seja Brasil, mas a pequena quantidade almejada.

Como fazer? Comecei a escrever para algumas fabricantes e distribuidoras de jogos. Eu nem chegava a mostrar o jogo, dizia apenas do que se tratava. O meu consolo foi que a Galápagos respondeu. Um “agora não” bastante gentil e esclarecedor, mas pelo menos era uma resposta. A maioria das outras nem se deu o trabalho de responder. O que me impressiona é que eu não tinha enviado o jogo! E se eu tivesse criado o jogo dos jogos? Algo que fosse revolucionar o mercado? Pois é.

Voltando ao nosso preço inviável, nesse meio tempo alguém falou sobre financiamento coletivo. Começamos a pesquisar o assunto e tentar entender do que se tratava. Enviei o jogo para um pessoal que tinha se dado bem num financiamento coletivo, na esperança de que eles produzissem o Quissama, mas esses também estavam já envolvidos que chega com sua própria campanha. E agora eu entendo os motivos. A tal campanha dá bem mais trabalho do que eu imaginava!

Foi aí que decidimos lançar nossa própria campanha. Para isso, precisaríamos ter os preços de antemão. Orçar tudo, chegar ao preço final e estabelecer metas e valores. Foi o que fizemos. Procuramos outras gráficas, fabricantes de peças, preço de correios, embalagens, direitos autorais, arte, outras despesas… ufa! Montamos o orçamento, escolhemos o site de financiamento coletivo e encaramos o desafio! Aqui estamos, com nosso jogo no ar.

Orçamento da campanha

A campanha agora está de vento em popa. No momento em que escrevo, estamos a um apoio de atingir os 50%. Vamos logo poder usar a expressão “já é meio caminho andado”.  Conto com você para nos ajudar nos outros 50%, apoiando, divulgando, espalhando a notícia do jogo.

Uma coisa que tenho pensado é que o financiamento coletivo ainda é algo novo no Brasil. Muitos de meus amigos não conhecem. Como já trabalhei em empresa com metas, estava pensando na comparação. Empresas geralmente buscam atingir 100% da meta proposta, ou mesmo ultrapassá-la. No entanto, às vezes atingir 95% já é satisfatório. No nosso caso, 95% significa ABORTAR O PLANO! Somente com os 100% atingido é que o jogo será fabricado, pois somente com o mínimo de 100% é que o site nos repassa os cursos.

Não podemos nos dar ao luxo de dizer o que uma certa “presidenta” disse recentemente:

“Nós não vamos colocar uma meta. Nós vamos deixar uma meta aberta. Quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta”

Não faço ideia de como ela vai fazer com a meta dela (provavelmente, nem ela), mas nós, ao contrário, temos uma meta clara. Levantar R$ 17.000 até 27/09/2015!

E para isso, precisamos de seu apoio!

QUISSAMA – PARTE UM

Oi, Quissameiros!

Hoje a campanha do jogo Quissama foi lançada, às 6h da manhã! Estamos no comecinho da tarde e os apoios estão subindo, graças à grande comunidade gamer do Brasil. O desafio é manter o gás por estes dois meses, pra atingirmos a nossa meta.

Vamos continuar nosso papo sobre como surgiu o nosso jogo? Na PARTE ZERO, contei minha trajetória como jogador. Conforme prometido, vamos avançar no tempo até 2013 pra chegar em…

QUISSAMA – PARTE UM (uma trilogia de quantidade indefinida)

A paixão por jogos envolvia a nossa família cada vez mais. Quanto mais nossos filhos crescem, melhor podemos envolvê-los com jogos mais desafiadores. Aos poucos, fomos convidando amigos para jogar, apresentando jogos trazidos de nossas viagens. Tenho formação em Letras – Português/Inglês. Em duas disciplinas da universidade, tive a oportunidade de conhecer meu professor e agora amigo Maicon Tenfen, autor de diversas obras na literatura catarinense. Com ele aprendi princípios importantes de narrativa que sempre achei úteis para o mundo dos jogos, especialmente RPG.

Como sou tradutor, em agosto de 2013 estávamos conversando sobre a tradução de alguns capítulos para o inglês de sua obra ainda não publicada à época, Quissama – O Império dos Capoeiras. Fomos ao supermercado tomar um cafezinho e lá pelas tantas ele confessou: “Acho aqueles questionários em fim de livro muito chatos. Minha vontade seria de que, em vez do questionário, Quissama pudesse ter um jogo…” Mal ele terminou a frase, meus olhos brilharam e soltei: “Cara, deixa eu fazer!”

Não deu outra! Na manhã seguinte, acordei com o cérebro fervilhando de ideias para um jogo de cartas. Ele teria personagens e locais mencionados no livro. Como bom representante da turma dos “hiperativos não diagnosticados”, fiquei fissurado com a ideia. Eu já tinha criado jogos de tabuleiro e RPG para jogar nos aniversários de meus filhos (um menino e uma menina). Os dois curtiam jogos, seus amigos também e aniversário era época de jogos diversos. Mas agora a coisa seria para um grupo maior. Uma criação para pessoas com as quais nunca tinha tido contato. Envolveria manual de regras, diversos testes, pessoas diversas. E em algum momento no futuro, de uma maneira completamente desconhecida para nós, faríamos esse jogo chegar às mãos de pessoas que teriam lido Quissama, o livro.

O jogo que hoje estamos divulgando em catarse.me/quissama é agora um primo distante daqueles rabiscos iniciais. Bom, nem tão distante. A essência continua lá. Mas muita coisa aconteceu.

O primeiro passo foi criar cartas escritas a mão, mesmo, pra testar as mecânicas básicas e ver se funcionava também em uma mesa ou se era só na minha cabeça, onde as condições são ideais. Fiz uns testes sozinho, eu e meu alter ego. Aparentemente, deu certo.

O passo seguinte foi baixar figuras da internet que se parecessem com o que eu tinha em mente. Escravos, uma princesa (fiquei depois sabendo que a que baixei era da Disney), burgueses, um imperador… Nem queiram ver as manobras que fiz no limitado Paint, mas afinal era o que eu sabia usar para desenhar. Foi a hora de contar com o apoio da família. Dispuseram-se a testar mais uma de minhas mirabolâncias. Não era tão simples. Nossa filha não morava mais conosco e nosso filho nem sequer no Brasil estava. Ela testava conosco quando nos reuníamos; ele recebia os arquivos em PDF e testava na Alemanha.

Antiga versão do jogo
Antiga versão do jogo

O jogo começou a tomar forma. Víamos coisas que não funcionavam, outras que eram bem legais. Íamos testando e adaptando, adaptando e testando. A cada jogo, surgia alguma observação. Começamos a ampliar o círculo, tanto aqui quanto na Alemanha. Chamamos os amigos e até amigos dos amigos. Em alguns casos, entregávamos o manual com um cordial e caloroso “Virem-se”. Queria que os jogadores se imaginassem abrindo a embalagem de um jogo novo e tentassem entender as regras do manual sem o criador por perto (caso da maioria absoluta de nós, meros mortais ludófilos).

Testes na Alemanha
Testes na Alemanha

Quando o jogo parecia estar pronto, começamos a fazer o ajuste fino. Planilhas com estatísticas para ver peças usadas, personagens que venciam, tempo de jogo… fomos ajustando agora os detalhes, fazendo contas, tirando uma carta aqui, colocando outra ali…

Um belo dia, jogamos e chegamos à conclusão: “Funciona. Não só funciona, ficou legal!” Particularmente, meu maior prazer era ver os jogadores fazendo jogadas inéditas, empolgarem-se derrubando ministros, atacando peças adversárias, defendendo seu território, dando a cartada final e gloriosa da vitória… O sorriso de satisfação dos jogadores se multiplicava no sorriso do criador.

Jogando com os amigos
Jogando com os amigos

Satisfeitos com o resultado, veio a inevitável pergunta: “Mas e agora, como vamos fazer pra vender o jogo?”.

Estávamos com as cartas na mão, mas não sabíamos as regras de como combiná-las. Mas isso é papo pra outro dia!

Preview do jogo na web

Em 1993, Will Smith estreou um filme chamado “Seis graus de separação”. A trama do filme se desenrola com base na teoria que afirma que cada ser humano está separado por qualquer outro por apenas seis graus. Ou seja, fazendo as conexões corretas, você consegue um contato com qualquer pessoa deste nosso pequeno planeta através de seis indivíduos.

No caso do lançamento de Quissama, o jogo, estas conexões aconteceram naturalmente, sem esforço.

Comentei com meu amigo Henrique, ilustrador, que eu estava pra lançar o jogo. O Henrique comentou com o Rafael, gamer, que por sua vez acabou conversando com o Lucas, autor da matéria que você vai ler agora e que acaba de ser publicada na internet, em site especializado sobre jogos de tabuleiro!

É dessa forma que o Lucas vai comentar seu parecer agora com você, caro leitor.

Clique aqui e comece a leitura!

QUISSAMA – PARTE ZERO

Oi, Quissameiros!

Hoje quero contar pra vocês um pouco da história do jogo Quissama.

Pra fazer isso, preciso voltar um pouco no tempo. Assim, vamos voltar no tempo até agosto de 2013…

Não. Vamos voltar um pouco mais, para uma data sem número e começar do começo, em

QUISSAMA – PARTE ZERO (uma trilogia de quantidade indefinida)

Desde minha infância, lembro-me de jogar jogos. Se eu voltar até a década de 70, lembro-me de jogar com meus primos Banco Imobiliário. Na mesma época, jogávamos também Palavras Cruzadas.

Hoje eles estão no comércio com seus nomes originais, não traduzidos: Monopoly (em trocentas versões) e Scrabble. Em pleno ano 2015, esses jogos ainda estão no mercado, o que me causa um misto de respeito e indignação. Respeito por saber que passaram-se 40 anos e eles ainda estão lá. Vi esses dias que o Monopoly está com uma edição comemorativa de 85 anos!!! Uau! Indignação pelo mesmo motivo, mas de outro ponto de vista: parece-me que, desde a minha infância, os jogos de tabuleiro continuam sendo os mesmos nas lojas!!! Refiro-me a lojas… hm… digamos, semiespecializadas (com ou sem hífen?). Essas em que você encontra brinquedos, bicicletas de plástico… e até jogos.

Donos de lojas que tenham “Dragon”, “Fantasy”, “Covil” e outras palavras desse naipe no nome estão excluídas de minha indignação. Por essas, nutro um respeito enorme e sempre fico de boca aberta quando entro numa delas. Fazendo um merchanzinho grátis, entrei recentemente na Vida Quadrada, em Pelotas (RS), e curti bastante. Nome diferente, mas tá lá, show de bola! Ponto pra gauchada.

Mas tá, voltando as anos 70. Meus primos, Roberto, Gilberto e Marli, eram mais velhos que eu (bom, continuam sendo) e foram eles que me introduziram a esse maravilhoso universo. Jogar parecia bem mais interessante que brincar. Fui crescendo e ganhando outros jogos. Lembro-me de um Hi Spot, que eu curtia, que ganhei em uma viagem ao Uruguai, mi tierra. Era um dominó muy loco.

Minha adolescência foi recheada de War, Detetive, Scotland Yard e outros que vcs conhecem, disponíveis por décadas a fio no Brasil. Claro, no comecinho dos anos 80 acabei namorando uma gatíssima que também gostava de jogos. Pra minha curtição, os irmãos dela, Leonardo e Alexandre, também curtiam. No fim das contas, eles ficarem “segurando vela” acabava sendo divertido. Horas e horas ao redor de tabuleiros. E claro, com costumeiras variantes, já que os jogos nunca eram perfeitos, do nosso ponto de vista.

A tal gatíssima parece que de alguma forma se afeiçoou a mim e acabamos casando. A jogatina continuou. Eu e ela sempre jogando e, sempre que possível, os cunhados jogavam juntos. Aliás, o sogro também (yes!). Meu cunhado Leo acabou se mudando pro exterior e descobriu um mundo de outros jogos. Mais motivo pra experimentarmos coisas novas, com ele sendo o fornecedor principal das novidades.

Foi por meio dele que conheci Settlers of Catan, que abriu um portal para outra dimensão de jogos. Daí pra frente, a coisa deslanchou. Até escrevi pra uma certa produtora de jogos brazuca, pra ver se eles davam jeito de trazer isso pra cá, mas fui completamente ignorado. Pelo visto, não queriam se arriscar a fugir de sua meia dúzia de produtos bestseller. Mas hoje, Catan já está no mercado brasileiro. Que bom!

Bom, os filhos e sobrinhos vieram e, com eles, inúmeros outros jogos foram desfilando em nosso cardápio (Catan já é dessa época): Entrepreneur, Carcassone, Citadels, Babel, Louis XIV, Puerto Rico, Mage Knight, Magic, The Lord of the Rings e inúmeros outros… segue-se uma lista respeitável, mas a do meu cunhado ainda põe a minha no bolso. Mas, em minhas viagens, sempre procuro trazer algo novo – para loucura da retromencionada Gatíssima (agora com G maiúsculo, mas já não tão apaixonada por jogos).

Em algum ponto dos anos 2000, meu filho e eu descobrimos o RPG – outro portal para um novo mundo de jogos… horas ao redor da mesa, sem contar as horas preparando o cenário e as situações. Criatividade a mil, tanto de mestre quanto de jogadores! Mens sana in corpos se divertindo ao redor da mesa.

OK, chega por hoje porque já deu pra conhecer um pouco da minha história. Em QUISSAMA, PARTE UM, prometo que vou ser um pouquinho mais contemporâneo!

Até lá!

Ricardo

Olá, mundo!

Esta página vai falar do nosso jogo QUISSAMA, um jogo de tabuleiro brasileiro para 2 a 4 (ou até 5!) jogadores.

O jogo está sendo lançado através do site de financiamento coletivo Catarse.

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Em breve vocês poderão ver aqui o vídeo promocional do jogo!

Tabuleiro do jogo Quissama
Tabuleiro do jogo Quissama

Abraço e até mais!